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Flávia Roberta Pereira

Licenciada em Letras Língua Portuguesa pelo Instituto Federal de Brasília, pós Graduanda em Docência nas ênfases da Educação Básica e da Educação Inclusiva,  pelo Instituto Federal de Minas Gerais campi Arcos. Docente pesquisadora em Educação. Professora de Língua Portuguesa na Educação Básica do Governo do Distrito Federal. Escotista voluntária do Movimento Educacional Escoteiro, atualmente integrante da equipe Nacional de Inclusão. Coordenadora Especial de Inclusão do Movimento Escoteiro região do Distrito Federal no ano de 2019. Colaboradora do Projeto "Eu me Protejo" de pesquisa, Educação e prevenção ao abuso sexual de crianças e adolescentes.


O surgimento das Ciências Cognitivas na Educação deu-se com a formalização da Ciência Cognitiva entre as décadas de 1940/1950, e se consolida de uma necessidade multidisciplinar de   áreas do conhecimento, na busca pelo entendimento quanto ao processamento cerebral do conhecimento. Em boa medida há uma analogia simbólica ao processamento do computador, destacando a complexidade da anatomia, estrutura e funcionamento cerebral.

Como estrutura, tem-se:

Representação = Leitura/Interpretação/Materialização de mundo cognitivamente.
Uma vez concebida, as Ciências Cognitivas se estruturam em divisões de representação:
- Representações Proposicionais que são as construções mentais que traz o real representado, ou no contexto do indivíduo, a representação/leitura individual de cada um para as coisas do mundo.  
- Representações Analógicas são as construções mentais acerca dos signos/linguagens coletivas de conceituação de elementos de mundo representado, pelo entendimento coletivo/universal.

Observe a divergência como exemplificação analógica: a cognição como um processo analógico (Hardware - parte estrutural do computador) ou um processo realizado pelo sistema nervoso central (Software - programas instalados no computador). Este último processo, consolida-se no sistema de compreensão, entendido aqui, como um processo individual de representar o mundo, sem ligações sinápticas. 

Dessa divergência nasce a Teoria dos Modelos Mentais, que deixa de priorizar o ponto de como se opera, para validar a importância de se processar. Na Teoria dos Modelos Mentais, o IMPORTANTE é processar a representação, e não com tanta relevância, como se processa. Ressalta-se que essa percepção é insatisfatória para os neurocientistas, mas é central aos pesquisadores da educação, psicólogos e áreas afins, nas quais o desenvolvimento processual da representação cognitiva é elemento fundante da construção intelectiva.

Logo, a Teoria dos Modelos Mentais, pesquisam o processamento e consideram as representações mentais como elemento do processo, que tendem a ser diversos dada a pluralidade humana.
[...] representações proposicionais são cadeias de símbolos que correspondem à linguagem natural, modelos mentais são análogos estruturais do mundo e imagens são os modelos vistos de um determinado ponto de vista. (JOHNSON-LAIRD, 1983)

Partindo desse conceito, pesquisas feitas apontaram que há variação de representações para a interpretação, há depender do modelo mental ou de sua configuração, dando ao entendimento vezes com uma simples leitura do próprio modelo mental ou da real interpretação dada a representação, que poderá ser de maneira analógica ou proposicional.
Diante dessa conceituação, vemos uma diferenciação na assimilação do conceito quando o corpus estudado versar para as áreas de humanas ou de exatas,  aprofundamento que segundo a apostila da disciplina, será dado nas semanas seguintes, mas que já merece ser observado.

Sintetizando

Considerando que os modelos mentais são esquemas internos de representação do conteúdo adquirido, o estudo deles, foi se concebendo a partir da compreensão de  que, há níveis distintos para cada modelo mental, considerando o saber prévio do sujeito para determinado conteúdo. Observa-se ainda o entendimento de que o modelo “evolui” à medida em que ao modelo existente, se associe um novo elemento constituinte ou novo conceito, que se reordena e promove uma transformação no modelo, deixando mais amplo/completo.

Interpretando

Segundo Moreira (1998), essa construção é análoga à identificação dos subsunçores, na Aprendizagem Significativa, que oportunizam o insight que dá significado ao novo elemento aprendido, pela ligação coerente entre o novo e o conhecimento prévio (subsunçor). Ocorre que na configuração de Modelo Mental, essa associação é esquemática, podendo ser mais simples se o nível conceito do assunto contemplado for restrito, e ou ir aumentando a complexidade do esquema mental existente à medida em que haja mais elementos assimilados sobre o assunto estudado.

Notas

- A possibilidade de uso do mapa conceitual (conciso, teórico) como aporte de conteúdo para trabalhar o desenvolvimento de Modelos Mentais (processo interno e ímpar) que oportunize contemplar a especificidade de cada aluno, ganha destaque  quando há contemplada a observação de métodos variados na aplicação do conteúdo, buscando atingir necessidades distintas de ensino/ Aprendizagem.

- Aprofundando no estudo da Ciência Cognitiva na Educação, observa-se com relevância como uma teoria retoma a outra, se valendo do agregar para compreender o desenvolvimento intelectivo do sujeito, de modo à contemplar a melhor maneira de ensinar/aprender potencializando as individualidades. 


Modelo Mental na pós graduação em Docência segundo a distribuição das disciplinas

Perceba que o mapa conceitual da disciplina de Ciências Cognitivas na Educação, nos oportuniza  desenvolver um modelo mental voltado para o Ensino /Aprendizagem compreendendo as ligações Cognitivas possíveis, com base na ligação, aquisição, complementação e renovação de elementos prévios e novos,  que assimilados nos habilita no caminho da docência inclusiva que reconhece a diversidade como constituinte dos sujeitos envolvidos no processo.

Na evolução dos modelos mentais retomamos a Aprendizagem Significativa, as teorias de ensino e aprendizagem, observamos a relevância dos saberes prévios e as ligações internas que fixam esses saberes na memória, relembrando também a contextualização do ensinar que dá sentido ao Aprender.

Concluindo

Reconhecendo que a construção do modelo mental vai variar de aluno para aluno, pois se trata de representação individual, e oferecendo um mapa conceitual do conteúdo proposto, que atenda as demandas cognitivas dos alunos (utilizando variadas Metodologias, utilizando a contextualização com o saber prévio do alunado) possibilitará aos alunos a construção de representações  mentais (leituras individualizadas que se liguem a conceitos já consolidados anteriormente) que agreguem e aumente o seu repertório conceitual.

Considerando todas as observações trazidas neste diálogo com as leituras propostas no curso, entendo que, o método que oportunizará o desenvolvimento intelectivo do aluno, se dará pelo continuum da formação e avaliação da prática docente, pelo reconhecimento/conhecimento do aluno como sujeito único, e que as construções mentais com representação significativa serão realizadas pelo consistência e variação do mapa conceitual, de modo que, segundo Norman (1983), interaja com o Sistemas de Crenças, Observabilidade e Potência preditiva, de maneira a alcançar os distintos níveis evolução do alunado. Não é tarefa fácil abranger todas essas dimensões, mas a docência comprometida, vai buscar afetar seus alunos, lançando mão, à cada necessidade observada, transformando a vivência escolar/acadêmica desses sujeitos, potencializando a autoestima pelo reconhecimento pessoal de competências e habilidades.


Referências Bibliográficas

JOHNSON-LAIRD, P. Mental Models. Cambridge: Harvard University Press, 1983.

MOREIRA, M. A. Mapas Conceituais e aprendizagem significativa. Cadernos de Aplicação, Porto Alegre, v.11, n.2, p.143-156, 1998.

NORMAN, D. A. Some Observations on mental models. In: GENTNER,D.;STEVENS, A.L.(Ed.). Mental models. Hillsdale: Lawrence Erlbaum Associates, 1983.

VIEIRA JÚNIOR, N. Ciências Cognitivas na Educação. Apostila (Pós Graduação em Docência EAD). IFMG campus Arcos. Ano 2019.

VIEIRA JÚNIOR, N. Metodologias de Ensino Aprendizagem. Apostila (Pós Graduação em Docência EAD). IFMG campus Arcos. Ano 2019.

XAVIER, G. do C. Teorias de Aprendizagem. Apostila da Pós Graduação em Docência EAD. IFMG campus Arcos. Ano 2019.


Recebido em 12 de maio de 2020
Publicado em 29 de maio de 2020


Como citar este artigo (ABNT)

PEREIRA, Flávia Roberta. Uma abordagem dialógica da teoria, com o aporte teórico em Ciências Cognitivas na Educação. Revista MultiAtual, v. 1, n.1., 29 de maio de 2020. Disponível em: https://www.multiatual.com.br/2020/05/uma-abordagem-dialogica-da-teoria-com-o.html