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Tatiany Michelle Gonçalves da Silva

Professora da Secretária de Educação do Distrito Federal, licenciada em Pedagogia e Biologia e mestranda em Ensino de Ciências Ambientais pela Universidade de Brasília - UnB.


Pode-se definir que modelos mentais são estruturas de agrupamento de ideias criados pela nossa mente para a construção de modelos de identificação de estruturas físicas, podem usar ao mesmo para sua composição os modelos de proposições e de imagens. Esse tipo de modelo é usado para nos auxiliar na compreensão de conceitos para a construção do conhecimento, ação essa que busca parte da conceituação para a assimilação, e essa ação vem da definição dos modelos de conceitos por modelos metais. Mas como isso ocorre, esses modelos são criados por nos através de nossos conhecimentos inatos e pode ser aprimorado com a ampliação de nosso intelecto e com as nossas vivências, podemos exemplificar esses modelos mentais com ações simples rotineiras que criamos para melhor resinificamos, entendermos e repetirmos ou não uma ação em nosso dia-a-dia.

Os modelos mentais têm a finalidade de interpretar informações – as proposições e as imagens de forma conjunta, para a conciliação do conhecimento que elas trazem para a nossa mente, sua ação é de criar caminhos para a aprendizagem. Com isso ela faz a representatividade de uma informação e constrói o seu próprio conhecimento, os modelos mentais é algo particular que cada um cria o seu próprio, através de seu conhecimentos inatos e dos princípios do construtivismo - que define que esses são criados por nós de forma espontânea contendo elementos comum a nós, que só a partir da vivencia e de outras informações (conhecimento) esse vão se aprimorando.

Segundo autores como Jhonson-Laird , o homem representa mentalmente tudo que está a sua volta, até como sua própria mente funciona, por isso métodos como dos modelos mentais auxiliam pesquisas e o próprio ensino. Suas definições nos apresenta uma luz nesse tipo de ensino, para ele as representações dos modelos mentais são internas, de cada um, representando como cada indivíduo capta as informações externas (do mundo) para si. Informação essa que está ligada analogamente as informações dada a esse sujeito, já que essas podem ser  proposições – expressas de forma verbal e podem não contém todas as informações necessárias para sua interpretação, algo que não acontece nas informações dadas pelas imagens- que podem ser carregadas de informação, mas que requer um olhar mais detalhado para sua interpretação.

Por isso os modelos mentais que mistura essas duas ações ou não, pode ser um recurso mais completo para a interpretação-representativa. Lembrando sempre que os modelos mentais mesmo que contenha informações analógicas, representa a visão pessoal da informação dada e traz consigo o ponto de vista pessoal de cada um sobre cada assunto.

Modelos mentais auxiliam a fixação dos dados (informação) apresentados por modelos conceituais- que são instrumentos que buscam definir os conceitos físicos de sistemas e da matéria , segundo Gentner e Stevens. Para melhor entender isso, podemos definir modelos conceituais como estruturas de explicação de conceitos, o mesmo é usado para ensinar e fixar melhor conteúdos disciplinares. Já os modelos mentais auxiliam na construção dessa fixação de aprendizagem.

Atualmente muitos blogueiros e coachs tem ensinado em suas aulas on-line, para melhor fixação e retenção de conteúdos de concursos, para provas e para estudo em geral. Os mapas mentais – que são processos gráficos utilizados para melhor organização de pensamentos e de conteúdos (conceitos), que buscam despertar formas de melhor assimilação de conteúdos através da criatividade. Com certeza esse é um modelo mental  que associa os modelos de preposições e imagens, trabalhados com as múltiplas inteligências de Gardner.

Para apontarmos meios da investigação de modelos mentais devemos ter claramente o entendimento do que é modelos mentais. Conhecimento esse  que ainda estamos construído, já que o entendimento desse conteúdo requer um aprofundamento de nossas leituras e a ampliação de nossos conhecimentos sobre o tema, levando em consideração que assunto é para nós algo inédito – nunca antes estudado, não dessa forma. Por isso até aqui criamos um modelo mental que representa esse tema de forma a estruturar e organizar as ideias, logo modelos mentais são estruturas representativas de estruturas físicas que nos rodeiam e que para se alcançar a construção de sua projeção em nossa mente usamos dois modelos: de proposições e de analogia (por imagens).

A junção desses modelos cria os modelos mentais que estruturam todas as informações que recebemos e esquematiza sua compreensão, criando modelos simples de categorização, esquematização e de complexidade de cada uma dessas, de forma pessoal e com o grau de complexidade que temos individualmente do assunto/tema/objeto. O que nós aponta a importância de investigar os modelos mentais que cada um usa para entendermos por exemplo como devemos realizar ou conduzir um planejamento didático que se atente para o tipo de entendimento que os alunos tem sobre um tema. 
Mas como vimos fazer esse tipo de investigação também não é uma tarefa tão fácil de se realizar, entender os modelos mentais de alguém requer uma prática metodológica, não é só perguntar. Já que as respostas podem ser confusas, de difíceis interpretações ou até mesmo ilógicas, por isso para se realizar um trabalho de investigação de modelos mentais usamos protocolos de registros dessas informações de formas – orais ou escritas, com uso de entrevistas semiestruturadas, narrações de fatos e procedimentos (como passo a passo), transcrições e gravações. Para então podermos entender como esses tem estruturados seus conhecimentos – inatos e adquiridos.

Conhecimentos esse que foram divididos em níveis , autores como Jhonson-Laird (1997) dividiu em quatro níveis – que sintetiza entre o conhecimento básico até o nível cientifico de um fato, o professor Nilton Vieira Junior (2019) categoriza a evolução dos modelos mentais também em níveis e subnivéis – para melhor entendimento da construção individual desses modelos mentais e de suas complexidades. 
Portanto esse conhecimento nos dá o entendimento de como nossa ação didática ao construir um modelo conceitual- que traz conhecimento conceituais de uma estrutura física, pode ser errônea se nos mesmo não temos definido corretamente, através de um modelo mental esse conceito.  Por isso ensinar (lecionar) caminha com o aprender e ao realizarmos a análise da construção de modelos mentais novamente resinificamos nossos conhecimentos e com certeza a nossa prática docente, partindo inicialmente para a investigação de nosso próprio modelo mental.

Para melhor entendimento de como os modelos mentais podem ser usados no dia a dia escolar , buscamos exemplo da literatura como os resultados apontados pelo  artigo Como evoluem os modelos mentais  que análise a evolução das estruturas dos modelos mentais sobre conceitos de Física: eletricidade, magnetismo e eletromagnetismo,  de alguns grupos de alunos. Como metodologia foi utilizada uma entrevista que foi realizada durante a realização de alguns experimentos com uso de materiais de circuitos elétricos e imãs e como resultado o pesquisador avaliou que essa ação diretamente ampliou a conceituação desses fenômenos e que essa prática resultou uma experiência educacional com grandes resultados.

Para entendermos melhor a evolução dos modelos mentais e sua aplicabilidade na educação, buscamos entender como essa prática pode aprimora nossa atuação na área da educação inclusiva, para isso buscamos arcabouços teóricos e, identificamos então a prática analítica descrita no artigo Atendimento Educacional Especifico: Doença mental, aprendizagem e desenvolvimento.  Onde o autor apresenta as ideias de  Feuerstein, Klein e Tannebaum (1991)  que diz “ que o aprender é construir representações mentais a partir do autoconhecimento e do conhecimento” explicando as  formas de aprender do processo educativo inclusivo. Para ele a aprendizagem ocorre diretamente da ação de realizações mentais e da mediação, para a consolidação dessas ações são necessários três fatores: a capacidade, a necessidade e a orientação, e ele define que:

A capacidade é indispensável para a interação da pessoa com o conteúdo presente. Potencialmente a capacidade está presente em todas as pessoas, cabe ao mediador verificar a capacidade naquele momento e buscar meios ou instrumentos de mediação que contribuam para seu desenvolvimento.
A necessidade de aprender é um fator energético-motivacional da aprendizagem, que contribui para dar significado ao objeto de conhecimento e levar a pessoa a realizar o esforço necessário para interagir com o meio e aprender.
A orientação diz respeito à ação do mediador e do mediado. Inicialmente o mediador é o responsável por prover os meios para que ocorra a interação do mediado com o meio. A intervenção do mediador deve contribuir para a construção da autonomia do mediado e sua presença deve ser cada vez mais dispensável, até que a pessoa, anteriormente mediada, oriente-se no seu processo de aprendizagem (Feuerstein; Klein ; Tannebaum, 1991, p.241).

Para finalizar a sua fala o mesmo reflete sobre a importância do papel de atuação do professor (mediador) que deve considerar fatores como os do processo de metacognição e das múltiplas inteligências para a construção das estratégias cognitivas (planejamento) de sua ação docente, tendo sempre a consciência que suas ações desperta habilidades mentais e ao mesmo tempo que pode limitar as condições de desenvolvimento de seus educandos, por isso o mesmo deve sempre se atentar para a importância do desenvolvimento / evolução dos modelos mentais desses.Com isso encerramos por enquanto as  nossas reflexões sobre a importância da investigação de modelos mentais no cotidiano escolar, na educação e na área inclusiva.


Fontes bibliográficas

ABENHAIM, E. Deficiência mental, aprendizado e desenvolvimento. In: DÍAZ, F., et al., orgs. Educação inclusiva, deficiência e contexto social: questões contemporâneas [online]. Salvador: EDUFBA, 2009, pp. 237-244. ISBN: 978-85-232-0928-5. Available from SciELO Books.

BORGES, A. Tarciso. Como evoluem os modelos mentais. Ens. Pesqui. Educ. Ciênc. (Belo Horizonte),  Belo Horizonte ,  v. 1, n. 1, p. 66-92,  June  1999 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-21171999000100066&lng=en&nrm=iso>. access on  21  May  2020.  http://dx.doi.org/10.1590/1983-21171999010107.

Investigações em Ensino de Ciências, Porto Alegre, v. 1, n. 3, pp. 193-232, 1996.  http://www.if.ufrgs.br/public/ensino/N3/moreira.htm.  Revisado em 1999, atualizado em 2004. Trabalho apresentado no Encontro sobre Teoria e Pesquisa em Ensino de Ciências - Linguagem, Cultura e Cognição, Faculdade de Educação da UFMG, Belo Horizonte, 5 a 7 de março de 1997.

Mapas mentais. Disponível em: < http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesaberta s/1012076_2012_cap_4.pdf > acessado em 19 de Maio de 2020.

Vieira Junior, Nilton. Ciências cognitivas da Educação/Nilton Vieira Junior. – Arcos, 2019.  Apostila  (pós- graduação em docência) - - Instituto Federal de Minas Gerais, 2019.


Recebido em 06 de junho de 2020
Publicado em 26 de junho de 2020


Como citar este artigo (ABNT)

SILVA, Tatiany Michelle Gonçalves da. Reflexões sobre modelos mentais. Revista MultiAtual, v. 1, n.2., 26 de junho de 2020. Disponível em: https://www.multiatual.com.br/2020/06/reflexoes-sobre-modelos-mentais.html