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Robson Luis Silva de Medeiros
Pós Graduando em Gestão de Instituições
Federais de Educação Superior pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Álvaro Carlos Gonçalves Neto
Doutor em Agronomia (Fitotecnia) pela
Universidade Federal de Lavras), professor do Departamento de Agronomia da
Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE, Campus Recife.
Claudia Maria Soares Rossi
Mestra em Mestrado em Educação pela
Universidade Federal de Lavras, Professora Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG).
Resumo
A
escola deve assumir o seu papel com trocas dos saberes e técnicas que inovem no
desenvolvimento educacional e incentivem os alunos a aprenderem. São
necessárias novas ferramentas educacionais que fortaleçam a comunicação no
ambiente escolar e a horta escolar tem se mostrado uma excelente estratégia
pedagógica para este fim, sendo um laboratório vivo dentro da própria escola.
No atual cenário, são necessárias mudanças de hábitos e atitudes para a
promoção da interação ser humano-ambiente no espaço escolar e nas práticas
pedagógicas. A investigação por ações educacionais ligadas à sensibilização do
aluno pelo meio de ações práticas, com conteúdo ligados à sustentabilidade, à
qualidade dos alimentos e ao meio ambiente, vem ganhando destaque e estão
presentes no processo de ensino-aprendizagem. As hortas foram implantadas nas
escolas, sendo realizadas intervenções, com realização de palestras e oficinas
em escolas públicas nos municípios de Solânea e Bananeiras-PB, seguindo, em
parte, a metodologia descrita no Livreto UERJ/EMBRAPA. As atividades
desenvolvidas nas hortas foram para benefício da merenda escolar, minimizando
os gastos que as escolas tinham na compra das hortaliças, além de oferecer
hortaliças frescas para os alunos. Os professores relataram que os alunos
melhoraram de desempenho escolar após a implantação das hortas, as quais se
tornaram um ambiente de aprendizado. A autogestão das hortas possibilitou o
trabalho em conjunto e a interação dos alunos, professores e funcionários das escolas.
Palavras-chave:
Escola pública; Educação Alimentar; Horta escolar.
Abstract
The school must assume its role by exchanging
knowledge and techniques that innovate in educational development and encourage
students to learn. New educational tools are needed to strengthen communication
in the school environment and the school garden has proved to be an excellent
pedagogical strategy for this purpose, being a living laboratory within the
school itself. In the current scenario, changes in habits and attitudes are
necessary to promote human-environment interaction in the school space and in
pedagogical practices. The investigation of educational actions linked to
student awareness through practical actions, with content related to
sustainability, food quality and the environment, has been gaining prominence
and are present in the teaching-learning process. The gardens were implanted in
the schools, with interventions being carried out, with lectures and workshops
in public schools in the municipalities of Solânea and Bananeiras-PB,
following, in part, the methodology described in the UERJ / EMBRAPA booklet.
The activities developed in the gardens were for the benefit of school meals,
minimizing the expenses that schools had in purchasing the vegetables, in addition
to offering fresh vegetables to the students. The teachers reported that the
students improved their school performance after the implantation of the
gardens, which became a learning environment. The self-management of the
gardens made it possible to work together and interact with students, teachers
and school staff.
Keywords: Public school; Nutrition education; School
garden.
INTRODUÇÃO
A educação representa um importante desafio para o
desenvolvimento, pois é através de sua ação educativa que as comunidades
escolares buscam uma maior integração social, cultural e econômica, além de ser
um veículo difusor de conhecimentos e saberes historicamente acumulados pela
sociedade. Neste contexto, a escola deve assumir o seu
papel como elo integrador das trocas dos saberes e técnicas que apontem para
uma nova proposta de desenvolvimento.
A interação com hortas escolares se torna uma ação interdisciplinar,
pois permite uma interação com diferentes disciplinas entre discentes, docentes
e funcionários, aproxima a comunidade escolar do meio ambiente e incentiva os
alunos ao consumo de alimentos saldáveis. Com a instalação das hortas, nos anos
seguintes ela pode se tornar permanente, com a manutenção entre os professores,
funcionários e alunos (MOURA, 2018) e elas podem uma interação maior entre os
alunos, professores e funcionários da escola.
Desenvolver atividades didático-pedagógicas interdisciplinares,
tendo uma horta escolar como ferramenta, incentiva atividades práticas,
desperta novos hábitos, provoca uma influência mútua com o meio ambiente, o
estímulo de produzir hortaliças, incentiva os alunos a consumir alimentos
saudáveis na escola, além de estimular o cultivo de hortaliças nas suas
residências, tendo um alimento saudável para ser
consumido por toda a sua família, proporcionando contribuições na formação de
caráter e enriquecimento de suas personalidades (DE MELO, 2019) em relação aos hábitos
alimentares saudáveis.
REFERENCIAL TEÓRICO
A educação Básica apresenta constante variedade de
problemas que permeiam as escolas públicas e que são referentes à falta de
recursos financeiros, com constante omissão de políticas públicas para resolvê-los,
atividades suplementares, para fortalecer condições o acesso e permanência do
aluno na escola, alimentação, material didático, formação de professores
(MOURA, 2018). Em compensação, são constantes as ações praticadas por parte dos
docentes para irromper a inércia na educação pública e fortalecer o direito do
cidadão à Educação (MOURA, 2018). Aulas práticas, principalmente na disciplina
de ciências, podem chamar a atenção dos alunos para questões ligadas à
sustentabilidade, ao meio ambiente e à alimentação saudável.
De acordo com Cribb (2010),
o simples fato do docente sair da sala de aula para realizar a aula em um
espaço aberto, com contato com a terra, a água, as plantas e em interação com o
solo, associando com os ciclos de semeadura, plantio, cultivo, podendo debater,
cuidando das plantas e colhendo-as, pode constituir-se como uma diversão, já
que permite ao discente aprender a respeitar a natureza e o meio ambiente. Esta
concepção segue o pensamento que declara a segurança alimentar como direito
fundamental do ser humano: quando nos tornamos autossuficientes na produção de
alimentos para o consumo e ainda produzimos sem nenhuma intervenção química e
sem destruir a ecologia dos ecossistemas, podemos considerar que apresentamos
os princípios para nossa segurança alimentar (BORBA; VARGAS; WIZNIEWSKY, 2013).
A
interação entre várias disciplinas, relacionando-as com a prática e sendo
discutidas entre os alunos, pode facilitar a aprendizagem e sensibilizar os
alunos em tomadas de decisões. Questões ambientais e alimentares precisam ser
consideradas no planejamento escolar e necessitam ser debatidas com todos que compõem a escola, mas especialmente com
as crianças, para que sejam adultos com maior preocupação com o meio ambiente,
além de terem interações fora da escola com a sua família e comunidade
(MEDEIROS, 2011). Uma equipe multidisciplinar é composta com profissionais de
diversas áreas, que juntos se empenham para atuar em casos que envolvam a sua
formação profissional e/ou experiência, propondo beneficiar a coletividade
(MOURA, 2018). Dentre essas ações pode estar a implantação de hortas escolares
que visem, dentre outros objetivos, sensibilizar os alunos para questões
ambientais e alimentares por meio de práticas pedagógicas diversas.
A
implantação de uma horta no âmbito escolar é de fundamental importância para
que haja sensibilização por parte dos educandos acerca do consumo de alimentos
mais saudáveis, pois o que se observa cotidianamente é que eles não gostam de
consumir legumes e verduras mas, ao cultivarem esses alimentos, as crianças são
estimuladas a experimentá-los e a desenvolverem o hábito de consumi-los.
A implantação de hortas nas escolas beneficiará toda a
comunidade escolar e as famílias que moram próximos à escola e além disso os
discentes podem cooperar nas aprendizagens obtidas com a horta, com os
conhecimentos formais (DE MELO, 2019) e aqueles que trazem de suas experiências
sociais. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, a inserção efetiva
dos alunos nos processos de elaboração e manutenção de uma horta, com
atividades práticas, representa importante elemento para a compreensão ativa e
conceitual (SANDES, et al., 2018) dos conteúdos escolares.
Levando em conta a relação entre a população urbana e
rural dos municípios, a educação ambiental elenca uma maior importância no
cotidiano da rede de ensino pública. Sendo assim, o objetivo do trabalho foi
implantar e acompanhar hortas escolares na rede de ensino pública de Solânea e
Bananeiras, PB.
MATERIAL E MÉTODOS
O
município de Bananeiras está localizado na Microrregião do Brejo Paraibano (6°
45′ 0″ S, 35° 37′ 58″ W) e na Mesorregião do Agreste Paraibano. Está inserido
na unidade geoambiental do Planalto da Borborema, formada por maciços e
outeiros altos, com altitude variando entre 650 a 1.000 metros. A vegetação
desta unidade é formada por Florestas Subcaducifólica e Caducifólica, próprias
das áreas de agrestes com a presença de Neossolos com fertilidade variável
entre média e alta (CPRM, 2005a).
O
município de Solânea (6° 46′ 40″ S, 35° 41′ 49″ W) está inserido na unidade
geoambiental do Planalto da Borborema, formada por maciços e outeiros altos,
com altitude variando entre 650 a 1.000 metros. Ocupa uma área de arco que se
estende do sul de Alagoas até o Rio Grande do Norte. O relevo é geralmente
movimentado, com vales profundos e estreitos dissecados. Com respeito à
fertilidade dos solos é bastante variada, com certa predominância de média para
alta. A área da unidade é recortada por rios perenes, porém de pequena vazão e
o potencial de água subterrânea é baixo. A vegetação desta unidade é formada
por Florestas Subcaducifólica e Caducifólica, próprias das áreas de agrestes
(CPRM, 2005b).
Assim,
foram implantadas hortas escolares (Figura 1) e realizadas palestras e oficinas
em escolas públicas nos municípios de Solânea (Escola Estadual Dr. Alfredo
Pessoa de Lima) e Bananeiras-PB (Escola
Estadual de Ensino Fundamental Xavier Junior), seguindo, em
parte, a metodologia descrita no Livreto UERJ/EMBRAPA (2009).
Foto 1: Implantação da Horta Escolar Agroecológica na
E.E.E.F. Xavier Júnior (2015).
As instalações das hortas nestes
munícipios foram escolhidas pela representatividade e força do setor agrícola
nestas regiões. O município de Bananeiras, por exemplo, tem maior parte da
população residindo na zona rural. A instalação das hortas nas escolas foi
realizada nos anos de 2015, 2016 e 2017, sendo contempladas 6 escolas nos
municípios, e em torno de 300 alunos do ensino fundamental e médio.
As palestras e oficinas foram
ministradas pelo orientador do projeto e por alunos dos cursos de Licenciatura
em Ciências Agrárias, Bacharelado em Agroindústria e Licenciatura em Pedagogia
do CCHSA/UFPB. As ações foram realizadas em aulas das disciplinas de biologia,
ciências e artes, com os auxílios dos professores. Foram implantadas hortas
escolares, realizadas palestras e oficinas nas escolas públicas, sendo
utilizados recursos didáticos, com brincadeiras, incentivando os alunos a
discutirem e a desenvolverem sua criatividade com atividades e músicas
utilizadas. Com a execução do projeto a partir da esquematização e confecção da
horta, possibilitou-se aos alunos visualizar detalhes que haviam passado
despercebidos também durante as aulas de ciências e geografia. Antes da
implantação da horta, foi feita uma apresentação do projeto e da equipe gestora
da escola, com a presença de alguns professores, depois foi realizada algumas
palestras e oficinas de sensibilização com as turmas, abordando a importância
das hortas e o que pretendíamos desenvolver com o projeto.
Os equipamentos utilizados para
preparação das hortas foram: enxada usada para capinar e misturar o adubo
orgânico, enxadão usado para cavar o local dos canteiros, rastelo utilizado na
retirar o lixo que havia no local, garrafas pets para fazer os cantineiros,
mangueira de jardim usada para regar a horta, esterco adubo usado na adubação
da terra. Os monitores, juntamente com a comunidade escolar, iniciaram a
construção da horta com a capina no terreno e retirada de lixo do local do
plantio. Após isso, houve isso houve a construção dos plantios. Após isso,
houve. A irrigação dos canteiros foi realizada todos os dias à tarde pelos
alunos, com a colaboração dos funcionários das escolas.
No
começo A primeira temática abordada com os alunos foi a educação alimentar (a
importância de se alimentar bem, valor nutricional das hortaliças, como uma
alimentação balanceada ajuda a ter uma dieta saudável), posteriormente foi
realizadauma série de trabalhos em sala de aula sobre o planejamento para
implantação da horta e conhecimentos básicos sobre as plantas (sementes,
plântulas, crescimento, desenvolvimento, botânica, fisiologia, classificações).
Também houveram aulas e palestras sobre introdução à agricultura e ao cultivo
de hortaliças, bem como sobre meio ambiente e reaproveitamento/reciclagem
(iniciou-se uma campanha para os alunos reciclarem em suas casas e de vizinhos,
para reaproveitar copos descartáveis para produzir mudas, garrafas pets para
hortas suspensas, lixo orgânico produzido na escola para confecção de
compostagem e biofertilizante).
RESULTADOS
E DISCUSSÃO
Várias
disciplinas foram envolvidas nas práticas didático-pedagógicas: Matemática
(envolvendo cálculos de área de canteiros, noções de espaço, quantificação de
gasto de sementes, entre outras), Ciências (reino vegetal, valor nutricional
das hortaliças, preservação ambiental, solo, micro e macrofauna, adubos
orgânicos, higiene e manipulação e consumo das hortaliças), Geografia (relevo
pela observação de declividade do terreno, composição do solo, fertilidade e
práticas conservacionistas) e Artes (oficinas de receitas culinárias com
alimentos procedentes da horta) (SANTOS et al., 2014). Após, a instalação das
hortas, os professores relataram que os alunos apresentaram um melhor
comportamento, prestando mais atenção na aula e relacionando os exemplos com o
seu cotidiano, o que indica que o processo de ensino-aprendizagem precisa se
inovar a cada dia para fortalecer a relação professor-aluno-conhecimento.
Em
relação à implantação das hortas, foram produzidas mudas de alface e coentro,
juntamente com as crianças, em copos descartáveis (copos solicitados e que os
alunos trouxessem para reaproveitamento). Para isso, os copos foram recolhidos
e furados para que a drenagem da água ocorresse de maneira satisfatória. Após,
as mudas foram plantas e solicitou-se que cada um dos alunos escrevesse seu
nome e o nome das espécies de plantas que iriam produzir, com intuito de cada
um se responsabilizar e cuidar das suas respectivas mudas. A horta permite a
concepção diferente de um espaço, que se torna participativo, onde, pode
colaborar com promoção da saúde não exclusivamente dos alunos, mas também do
corpo de funcionários da escola (COELHO; BÓGUS, 2016).
Na
abordagem da temática meio ambiente, dividiu-se os alunos em grupos para
confecção de um mural ecológico e lixeiras seletivas. Na confecção do mural
foram utilizadas garrafas “pets” e rolos de papéis higiênicos trazidos
de casa pelos alunos, e as lixeiras para coleta seletiva foram construídas com
caixas de papelão, onde ficaram alocadas na escola para que todos utilizassem
de maneira consciente. A implantação da horta permitiu a compreensão de
entender a sustentabilidade por parte dos educandos e docentes da escola.
Portanto, a implantação de hortas em espaços comunitários (escolas) opera como
uma ampliação do espaço para se trabalhar atividades pedagógicas,
possibilitando interações e possibilitando discussões integradas com todas as
matérias do currículo, promovendo a interdisciplinaridade (FIALHO et al.,
2019). Alguns alunos começaram, pelo efeito multiplicador, a separar o lixo
reciclável em suas residências.” a separar o lixo reciclável e a utilizar o
lixo orgânico como adubo.
As
hortas possibilitaram o contato direto dos alunos com a terra, podendo preparar
o solo, conhecer e associar os ciclos de semeadura, plantio, cultivo e ter
cuidado com as plantas e colhê-las, além de ser um momento em que os alunos
aprenderam a respeitar a terra. Após o processo de conscientização, os alunos
das escolas perceberam a importância da horta, ajudado assim na higiene e
irrigação da mesma. Foram levados para a sala de aula vídeos e imagens de
alguns tipos de hortas e materiais recicláveis que poderiam ser utilizados na
implantação da horta. Logo após, foi proposto aos alunos que escolhessem quais
materiais iriamos utilizar nas hortas de suas perspectivas escolas. Eles
escolheram garrafas pets e pneus e foram produzidas mudas de alface, coentro,
cebolinha, tomate, cenoura, couve, repolho, espinafre, beterraba, cebola e
berinjela.
A
cada aula prática as turmas eram divididas em equipes, buscando motivar o
trabalho em equipe e a interdisciplinaridade, acompanhando o desenvolvimento e
crescimento dos vegetais, verificando a presença de pragas, promovendo a rega
diária, enfim, observando o processo de crescimento das hortaliças. Os vegetais
colhidos nas hortas foram utilizados em suas refeições e lanches, incentivando
o consumo de vegetais (frutas, legumes e verduras), procurando sensibilizar os
alunos sobre a importância do consumo de frutas e hortaliças também fora do
ambiente escolar. A manutenção da horta foi realizada pelos educandos,
educadores, bolsistas e orientador do projeto e foram capacitando educadores
das escolas para utilização das hortas como ferramenta de ensino-aprendizagem.
Em um estudo, os docentes afirmaram que os alunos atingiram um maior interesse
às aulas quando elas se realizavam na horta (SANTOS et al., 2014).
Os
estudantes de cursos de licenciatura e bacharelado levaram até os alunos das
escolas princípios de horticultura orgânica, compostagem, formas de produção
dos alimentos, o solo como fonte de vida, relação campo-cidade e a prática da
docência através das hortas.
As atividades possibilitaram o conhecimento
e contato das crianças e adolescentes com os alimentos no seu ambiente de
produção e importância dos recursos ambientais envolvidos na produção vegetal.
Assim, as oficinas e a implantação e condução das hortas escolares permitiram
uma reflexão da comunidade escolar sobre questões ambientais, qualidade
nutricional, saúde, qualidade de vida e contato das crianças com as relações
ecológicas no meio natural da própria escola,
sendo também despertado nos professores o interesse de utilização das hortas
escolares como ferramenta pedagógica..
É clara a
importância de explorar temas ligados ao cultivo e aumento do consumo de frutas
e hortaliças, uma vez que o aumento de alimentos ricos em gorduras e açúcares vem
causando muitos males à saúde em pessoas com idades cada vez menores, dispondo de poucas políticas
públicas destinadas para o incentivo ao cultivo de alimentos mais saudáveis. Desta forma, é
importante ressaltar que, entre a alimentação adequada, sua aceitação e o
entendimento de que esta é a melhor opção, há uma grande distância que
certamente é diminuída quando a criança tem a oportunidade de acompanhar o
cultivo do próprio alimento. Os docentes informaram que os alunos, após a
instalação das hortas, passaram a consumir mais hortaliças e se preocupar com a
sua saúde. Coelho e Bógus (2016) afirmam que a horta é um espaço participativo
e que é um ambiente proveitoso de aprendizagem e de produção de cuidado.
O aumento da produção
orgânica e agroecológica em todo o mundo é uma resposta à demanda da sociedade
por produtos mais seguros e saudáveis, uma vez que o uso em larga escala de
agrotóxicos propicia sérios problemas à saúde do produtor, além de ocasionar a
contaminação em águas superficiais e subterrâneas, causando a morte de diversas
espécies da fauna e da flora (SERAFIM; JESUS; FARIA, 2013).
A
Escola apresenta um instrumento importante no processo de formação das crianças
e jovens (cidadãos), tendo suas ações uma relevante consequência multiplicadora
das informações para sensibilizar e contribuir para formação da consciência, no
meio escolar tem-se os primeiros estímulos para a sensibilização do ser humano,
a educação ambiental abrange uma ampla forma na educação, meios participativos
despertam uma consciência crítica sobre os recursos ambientais e sua
importância (ARRUDA; MARQUES; REIS, 2017).
É
de extrema importância a realização de trabalhos educativos junto aos alunos de
ensino fundamental, pois, para que a Educação Ambiental se desenvolva como
processo, é essencial que exista uma sensibilização, levando os alunos a
influenciarem quem estiver ao seu redor, para que as percepções, reflexões e
atitudes diferenciadas sejam tomadas, fazendo com que seja despertado o
sentimento de conservação do nosso ambiente desde a infância. A horta inserida
no ambiente escolar tornou-se um laboratório vivo que possibilitou o
desenvolvimento de diversas atividades didático-pedagógicas relacionadas também
à Educação Ambiental, ao incentivo cultivo e consumo de frutas e hortaliças,
bem como à união teoria e prática de forma contextualizada, auxiliando no
processo de ensino-aprendizagem.
As
atividades desenvolvidas na horta foram para benefício da merenda escolar,
minimizando os gastos que a escola tinha na compra das hortaliças, além de
oferecer hortaliças frescas para os alunos, com maior qualidade. Os alunos tiveram
um papel muito importante no desenvolvimento da horta na escola através de um trabalho em equipe, desde o planejamento passando
pela instalação e até o manejo da horta.
CONCLUSÕES
Os
professores relataram que os alunos melhoraram o desempenho escolar após a
implantação da horta, que se tornou um ambiente de aprendizado. A autogestão da
horta possibilitou o trabalho em conjunto e a interação entre os alunos,
professores e funcionários das escolas. Os alunos apresentaram desempenho
com a horta” por “melhorias comportamentais após a implementação da horta,
adquirindo, adquirindo hábitos saudáveis, melhor relação com seus colegas e
passaram a se concentrar mais nas aulas.
A horta possibilitou uma melhor
relação aluno-professor-conhecimento, facilitando suas interações em sala de
aula, pois as hortas contribuem no processo de ensino-aprendizagem. A escola
tem como papel principal o de contribuir para o pensamento crítico dos alunos e
a horta possibilitou esse pensamento de uma conexão com o meio ambiente, os
hábitos alimentares saudáveis e o efeito multiplicador das práticas
didático-pedagógicas desenvolvidas.
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