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Geila Santos de Sousa

Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Educação, da Universidade Luterana do Brasil. geilases@gmail.com

 

Geisa de Sousa Cabral

Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Educação, da Universidade Luterana do Brasil. gscabral@gmail.com

 

Gilma da Silva Pereira Rocha

Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Educação, da Universidade Luterana do Brasil. rochagsp@gmail.com

 

 

RESUMO

A referida pesquisa busca evidenciar, através da revisão de literatura, como se dá o processo de in/exclusão da pessoa com transtorno do espectro autista na idade adulta nos aspectos educacionais e profissionais. Na análise procurou-se evidenciar a partir dos ensaios teóricos dos Estudos Culturais em Educação, como ocorre a trajetória da pessoa autista após a sua escolarização, bem como identificar as facilidades e/ou dificuldades de acesso ao mercado profissional. Nessa perspectiva, realizou-se uma revisão bibliográfica em bases de dados (Capes, Bases de dados de Dissertações e Teses da ULBRA, Acadêmico, SciELO) e também em outras fontes, como livros e revistas indexadas. Contudo, não foi possível identificar especificamente a temática, mas sim algumas variáveis relacionadas. Neste sentido usou-se as palavras-chave: In/exclusão, Transtorno do Espectro Autista, Idade Adulta, educação e trabalho, pesquisadas no período de 2015 a 2019. Com isso selecionou-se 04 (quatro) referências, sendo 02 (dois) artigos, 01 (uma) dissertação e 01 (um) livro, a serem citados especificamente no desenvolvimento deste trabalho. Tais textos foram selecionados por se entender que os mesmos se aproximavam dos critérios do objeto de estudo. Através de uma análise conjuntural dos trabalhos, os resultados revelaram que apesar dos muitos embates e lutas ao longo dos tempos em prol da inclusão da pessoa com deficiência, foi possível perceber que nos aspectos educacionais e profissionais ainda há a exclusão e que as legislações precisam ser colocadas em prática. Conforme ressalta os autores das pesquisas, verifica-se que são conhecedores das dificuldades que enfrentarão para se inserir no mercado de trabalho, bem como os desafios que ainda estão por vir, principalmente porque é um processo historicamente delineado por movimentos e obrigatoriedades, ou seja, não é um processo de humanização percebido e incorporado naturalmente, mas imposta pela sociedade através de legislações para atender protocolos nacionais e internacionais.

Palavras-chave: In/exclusão. Espectro Autista. Educação e Trabalho.

 

ABSTRACT

This research seeks to show, through the literature review, how the process of in / exclusion of the person with autism spectrum disorder occurs in adulthood in educational and professional aspects. The analysis sought to show, from the theoretical essays of Cultural Studies in Education, how the trajectory of the autistic person occurs after schooling, as well as to identify the facilities and / or difficulties of access to the professional market. In this perspective, a bibliographic review was carried out on databases (Capes, ULBRA's Dissertations and Theses Databases, Academic, SciELO) and also on other sources, such as indexed books and magazines. However, it was not possible to identify the theme specifically, but some related variables. In this sense, the keywords were used: In / exclusion, Autistic Spectrum Disorder, Adulthood, education and work, researched in the period from 2015 to 2019. With that, 04 (four) references were selected, being 02 (two) articles, 01 (one) dissertation and 01 (one) book, to be cited specifically in the development of this work. Such texts were selected because it is understood that they were close to the criteria of the object of study. Through a conjunctural analysis of the works, the results revealed that despite the many struggles and struggles over the years in favor of the inclusion of people with disabilities, it was possible to realize that in the educational and professional aspects there is still exclusion and that the legislation needs to be put into practice. As the authors of the research points out, it appears that they are aware of the difficulties they will face to enter the labor market, as well as the challenges that are yet to come, mainly because it is a process historically outlined by movements and mandatories, that is, it is not a process of humanization perceived and incorporated naturally, but imposed by society through legislation to meet national and international protocols.

Keywords: In / exclusion. Autistic Spectrum. Education and Work.


 

1.    INTRODUÇÃO

 

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, nº 13.146/2015, destinada a assegurar e promover o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais da Pessoa com Deficiência, visa a sua inclusão social e cidadania, reafirmando os valores democráticos e sua dignidade humana. Em relação à autonomia, a lei estabelece que a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa. Neste sentido, discute-se até que ponto a pessoa com deficiência (PcD) realmente dispõe da igualdade de direitos e participação eficaz na sociedade? Lopes (2007) já questionava essas prerrogativas ao afirmar que a inclusão e exclusão seriam invenções de nosso tempo já que a própria ideia de ordem social e de posições de sujeitos dentro de tramas sociais são definidas no tempo e no espaço. Ou seja, o princípio regulador da ordem social é o que orienta e regula os sujeitos na sociedade moderna e pós-moderna. Ademais, ressalta-se que a identidade da PcD perpassa às legislações e políticas públicas, que na maioria das vezes são impostas para atender demandas internacionais de aplicabilidade e uso de recursos. Dessa forma acabam impondo normas e diretrizes que na prática não funcionam. Reverberando com a literatura de Lopes (2007), sobre a escola, a autora diz que a mesma tem dentre suas funções ordenar e educar a todos através de uma sofisticada maquinaria que opera nas palavras de Foucault (1997, p.130) criando estratégias que a possibilitam por meio de posicionamentos de indivíduos em determinadas categorias escolares, as quais: dos aprendentes e não aprendentes e entre interessados e desinteressados. Esses determinantes, numa concepção analítica culturalista, ocasionam a exclusão ao invés da inclusão. No entanto, o discurso inclusivo começa a circular segundo Lopes (2007, p. 16), como bandeira de luta e começam a ganhar força de lei. Atualmente proclama-se como um direito de acesso e permanência com dignidade nos espaços reservados para alguns o que nos remete a evidenciar também a luta de grupos que lutam pela participação escolar e social. Embora as estatísticas mostrem os índices de aumento da inclusão (Lopes, p. 17), se percebe também o aumento dos excluídos, uma vez que a sociedade se orienta não pelo bem comum, mas pelo movimento de cada um dentro de um todo desarticulado. Disso, volta-se a incluir a escola nesse processo de inclusão e exclusão, haja vista o papel fundamental na formação do cidadão no espaço que pudesse ser para todos e de democratização do saber escolar, do qual estão as chamadas teorias da reprodução, que em Estudos Culturais em Educação, é a escola e todo o sistema de ensino moderno funcionando como ferramentas de manutenção dos paradigmas sociais estabelecidos.

            Desses ensaios teóricos gerais sobre inclusão e exclusão, determinantes para a compreensão do objeto de estudo deste trabalho, tem-se como objetivo, evidenciar, através da revisão de literatura, como se dá o processo de in/exclusão da pessoa com Transtorno do Espectro Autista na Idade adulta nos Aspectos Educacionais e Profissionais. Nas leituras procurou-se analisar conjunturalmente como ocorre a trajetória de vida da Pessoa Autista após a sua escolarização, bem como identificar as facilidades e/ou dificuldades de acesso ao mercado profissional. 

 

2.    MÉTODO

            Foram consultadas quatro bases de dados: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Luterana do Brasil, a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Federal de Góias e Scientific Electronic Library Online - SciElo e também outras fontes, como livros e revistas, com ênfase ao livro “In/exclusão – nas tramas da escola, de Lopes e Dal’Igna, (2007). As consultas tiveram como palavras-chave as seguintes: inclusão/exclusão, Autismo na vida adulta, educação e trabalho. Ressalta-se a dificuldade em encontrar trabalhos publicados com esta temática, mesmo filtrando as pesquisas nas bases de produção científica. Destas buscas foi levantado para revisão da literatura um universo de artigos, resenhas, capítulos de livros, teses, dissertações, no período de 2015 a 2019. 

De acordo com as orientações da Plataforma CAPES, foi realizado de antemão todos os trâmites de inscrição a partir do cadastro na mesma, com 3 instrutores on line e 10 participantes com interação em tempo real com perguntas e respostas. Foram apresentadas as plataformas web of science, National Geographic, Geocapes, Escola Britânnica Online, Banco de teses, a web qualis.  Foi falado também sobre a Dot.Lib que é uma empresa brasileira, que atua em toda a América Latina, dedicada a disseminação da informação científica através do fornecimento de acesso on line a livros digitais, periódicos eletrônicos e bases de dados nas mais diversas áreas do conhecimento. Foi nos apresentada a SpringerNature, de origem alemã, fundada em 1842, por ser uma editora global e por ser líder mundial, segundo a Capes, fornecendo pesquisadores acadêmicos, instituições científicas e departamentos de P & D das empresas com conteúdo de qualidade através de produtos e serviços de informação inovadores, neste mesmo grupo se insere a SpringerLink, que segundo capes é a principal plataforma de pesquisa do mundo por ser de fácil acesso e possuir mais de 8 milhões de recursos, contando com resultados rápidos, precisão e conveniência.

           

3. RESULTADOS E ANÁLISES: ENFOQUES PRINCIPAIS DOS TRABALHOS PESQUISADOS

 

A seguir elencou-se os trabalhos que mais se aproximaram do objeto de pesquisa, ressaltando que os mesmos contribuíram para fomentar as literaturas e as análises acerca da problemática.

3.1 Escolarização de pessoas com Transtornos do Espectro Autista (TEA) em idade adulta: relatos e perspectivas de pais e cuidadores de adultos com TEA.

 

Este artigo é de autoria de: ROSA. Fernanda. Duarte; MATSUKURA. Thelma, Simões e SQUASSONI. Carolina, Elisabeth. Publicado em junho de 2019, tem estreita relação com o objeto de pesquisa por tratar da Política Nacional da Educação, dentro da perspectiva da educação inclusiva, onde diz que os sistemas de ensino e aprendizagem devam garantir o acesso desde a educação infantil até o ensino superior/profissionalizante. As autoras ressaltam que a literatura da área revela a necessidade de uma maior compreensão acerca dos processos de escolarização para pessoas com TEA nas diversas etapas da vida, objetivando-se, portanto, identificar perspectivas de familiares de adultos com TEA em relação às instituições que se propõem a atenção aos autistas na vida adulta. Neste sentido, consoante à presente pesquisa sobre a vida adulta do aluno com TEA. No trabalho das mesmas, objetivou-se também identificar como fora o percurso escolar, os aspectos positivos e desafios, sob o ponto de vista de seus familiares. O método incluiu a administração de dois questionários, analisados através de estatística descritiva e da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Participaram do estudo 67 pais/cuidadores de adultos com TEA residentes em 14 estados brasileiros. Os resultados evidenciam exclusão vivenciada por esses adultos em seu processo de escolarização desde o período da infância/adolescência até a idade adulta. Outro dado interessante da pesquisa mostrou que a maior parte dos autistas pesquisados esteve inserida somente em instituições educacionais especiais, sendo que somente oito chegaram a instituições regulares de ensino na idade adulta. As dificuldades relatadas estavam relacionadas à inserção, qualidade dos serviços e permanência nas instituições escolares. Foram apresentados como pontos positivos a ampliação da socialização e o ganho de habilidades. Por fim, as autoras analisaram que os familiares apresentaram suas perspectivas sobre como deveriam ser as instituições aptas a receberem a pessoa com TEA, já em idade adulta, englobando atendimentos individualizados e de forma integral. Com isso, foi possível referendar que nos aspectos educacionais e profissionais ainda há a exclusão da Pessoa com espectro Autista e que as legislações precisam ser levadas mais à sério pelos gestores políticos e demais sistemas organizacionais.

3.2 Perspectivas de futuro profissional das pessoas com deficiência e com necessidades educacionais específicas.

A dissertação é de autoria de LAMONIER, Elisângela Leles, defendida em 27 de março de 2018, na Universidade Federal de Goiás/Regional de Jataí-GO, complementa os estudos na perspectiva da in/exclusão da PcD no sentido de corroborar que este paradigma educacional, visto como desafio, seja rompido. O objetivo da pesquisa foi compreender as representações sociais das pessoas com deficiência e com outras necessidades educacionais específicas, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Iporá, e ainda, sobre suas perspectivas de futuro profissional, bem como identificar e analisar as legislações que amparam a educação inclusiva no âmbito das políticas públicas educacionais que resguardam seus direitos, tanto educacional como profissional. Neste desdobramento o trabalho contribui com o objeto de estudo por trazer discussões e análises sobre a conjuntura do aluno com deficiência tanto no aspecto educacional como no profissional, adentrando nas prerrogativas instituídas através das legislações e políticas públicas para compreensão da in/exclusão da PcD. Apresenta como ponto de partida os questionamentos: Quais são as políticas públicas educacionais de inclusão que asseguram os direitos das pessoas com deficiência e com outras necessidades educacionais específicas nos cursos de formação profissional? Quais são as representações sociais das pessoas com deficiência e com outras necessidades educacionais específicas sobre suas perspectivas de futuro profissional? No intento de respondê-las, a pesquisa usou a Teoria das Representações Sociais – TRS, como aporte teórico-metodológico; também dos conhecimentos construídos sobre estes sujeitos históricos, além de pesquisa bibliográfica e documental que subsidiaram a análise da realidade no que tange os sujeitos da pesquisa. Para a coleta de dados a autora utilizou a entrevista semiestruturada. A investigação partiu da necessidade de compreender que a educação inclusiva está presente em todas as instituições de ensino e necessita de observações de como ela está acontecendo e compreender se estas contribuem para a formação profissional, criando perspectivas de futuro profissional nos sujeitos envolvidos no processo educativo. O estudo foi norteado pela TRS, representada por Moscovici  (1978, 1995, 2001, 2003), Jodelet (2001, 2007), entre outros autores que veem na TRS uma busca de respostas para os fenômenos sociais; e pelo indiciário de legislações que amparam a Educação Inclusiva no Brasil, como: Constituição Federal – CF/88, Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA/90, Convenção de Jomtien (1990), Declaração de Salamanca (1994), Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (1996), Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU (2006), Política Nacional da Educação  Especial na perspectiva da Inclusiva (2008), Lei Brasileira de Inclusão – LBI (2015), entre diversas outras consideradas relevantes para a pesquisa. A partir das análises, a autora concluiu que os sujeitos da pesquisa valorizam a formação, ancoram suas perspectivas de futuro na educação e no trabalho, por necessidade pessoal, mas principalmente por valorização do seu “eu” que histórica e socialmente foi excluído e marginalizado. Porém, a autora reverbera ainda, que mesmo conscientes de suas perspectivas futuras, são também conhecedores das dificuldades que enfrentarão para inserirem-se no mercado de trabalho e os desafios que ainda estão por vir, principalmente porque não é um processo natural; pelo contrário, todo o processo que tange estes sujeitos foi historicamente marcado por lutas e obrigatoriedade, como comprovado pelas inúmeras legislações que amparam os seus direitos como cidadão. Neste contexto de pesquisa vê-se os Estudos Culturais como preponderantes, através da Teoria da Representação Social, para a compreensão crítica e epistêmica, descrita por Hall (1997), em que comenta que os Estudos Culturais reconhecem as sociedades capitalistas como lugares de divisões desiguais e que a cultura é um dos principais lócus onde são estabelecidas e contestadas as divisões sociais, onde se dá também a luta pela significação, nesse caso, a luta pela inclusão da PcD.

3.3 A inclusão no mercado de trabalho de adultos com Transtorno do Espectro do Autismo: uma revisão bibliográfica.

Esse artigo é de autoria de TALARICO, Mariana Valente Teixeira da Silva; DOS SANTOS PEREIRA, Amanda Cristina; GOYOS, Antonio Celso de Noronha. Foi publicado em dezembro de 2019, pela Revista Educação Especial. Como se percebe, o trabalho é bem atual, o que solidifica a importância da temática para a educação especial inclusiva e sobremaneira pela iniciativa desses estudiosos na busca de respostas e práticas sociais que considere de fato e de direito a PcD com cidadão. Neste cerne, os autores acrescentam que há representatividade das pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) por meio das mídias sociais e engajamento de familiares de crianças, jovens e de adultos com TEA nas discussões de políticas públicas que visem o acesso pleno aos direitos. Considerando que a inclusão de adultos com TEA no mercado de trabalho é um direito assegurado por lei e que a inclusão escolar deve auxiliar na preparação para o mercado de trabalho, a fim de oportunizar acesso à cidadania. Neste prisma, o artigo objetivou verificar a produção acadêmica acerca da inclusão de adultos autistas no mercado de trabalho, buscando experiências desta inclusão. O procedimento de coleta de dados foi uma revisão de literatura nas bases de dados Scielo, Google Acadêmico e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, entre os anos 2010 e 2019. A análise das informações consistiu na apresentação dos dados quantitativos e na análise qualitativa dos trabalhos encontrados. De acordo com os autores, foram encontrados treze artigos dentro da temática, contudo apenas três relatavam experiências de inclusão no mercado de trabalho de adultos com TEA. É possível ratificar a constatação que há insuficiência de estudos na área. Todas as publicações evidenciaram a necessidade de sensibilização dos empregadores, acesso a informação sobre as especificidades do TEA, conhecimento sobre os direitos da pessoa com TEA no ambiente de trabalho, criação de política de inclusão da instituição empregadora, participação e apoio da família das pessoas com TEA nesse processo de inserção no mercado de trabalho.

      Diante de uma análise conjuntural dos trabalhos, os resultados revelaram através da revisão de literatura nas bases de dados científicas citadas e outras fontes, que apesar dos muitos embates e lutas ao longo dos tempos em prol da inclusão da PcD, foi possível perceber que nos aspectos educacionais e profissionais ainda há a exclusão da Pessoa com Espectro Autista na prática e que as legislações precisam ser levadas colocada em prática. Verifica-se que os sujeitos das pesquisas, mesmos conscientes de suas perspectivas futuras, são conhecedores das dificuldades que enfrentarão para se inserir no mercado de trabalho, bem como os desafios que ainda estão por vir, principalmente porque é um processo historicamente delineado por movimentos e obrigatoriedades, ou seja, não é um processo de humanização percebida e incorporada naturalmente, mas imposta pela sociedade através de legislações para atender protocolos nacionais e internacionais. No entanto para desnortear esses paradigmas é necessário um novo pensar e fazer nas estruturas organizacionais, a citar: as escolas e poder público. Neste sentido cita-se Lopes e Dal’Igna (2007, p. 16) apud Beck (2006) quando relatam que:

Nessa compreensão, a invenção da inclusão ganha status de verdade e de realidade, quando começa a ser produzida nas narrativas, quando começa a circular em diferentes grupos como uma bandeira de luta, quando começa a ganhar força de lei, a desenvolver diferentes mecanismos de vigilância e de controle, enfim, quando começa a produzir dados para alimentar médias estatísticas e fazer probabilidades de gestão do risco que a sua não- realização pode causar.

           

Tendo esses fatores como desafios para a verdadeira inclusão, ressalta-se também, que as publicações evidenciaram a necessidade de sensibilização dos empregadores, acesso a informação sobre as especificidades do TEA, conhecimento sobre os direitos da pessoa com TEA no ambiente de trabalho, criação de política de inclusão da instituição empregadora, participação e apoio da família das pessoas com TEA nesse processo de inserção no mercado de trabalho. Neste contexto, analisa-se que todos os seguimentos sociais se encontram despreparados para atender a PcD. Tanto a família, como a escola e próprio mercado de trabalho necessitam de mais informações e sensibilidade para incluir de verdade.

 

3.    CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Diante do arcabouço epistemológico sobre a temática: Processos de Inclusão/Exclusão de Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na Idade Adulta no Contexto Escolar e Profissional: uma análise a partir da revisão de literatura,  vê-se que a educação inclusiva, apesar de alguns avanços em garantias de direitos, continua no entrelaço de conflitos por identificação de sua própria identidade e por isso os desafios perpassam ao debate  da estrutura socioeducacional e política da sociedade capitalista que no campo dos estudos culturais é vista como uma revolução cultural do nosso tempo,  representada, pela crise de identidade do sujeito pós-moderno definida por Hall, (1987) como historicamente construída e não biologicamente, ou seja, o autor diz que o sujeito assume identidades distintas em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente e ratifica dizendo que dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas. Análise bem sintonizada com a temática do objeto de pesquisa já que para Hall (1990), se sentimos que temos uma identidade desde o nascimento até a morte é apenas porque construímos uma cômoda estória sobre nós mesmos ou uma conformadora narrativa do eu, que no caso, envolve as formas de ser e viver da PcD num mundo culturalmente complexo. 

 

REFERÊNCIAS

CAPES/MEC. Periódicos da. Disponível em: www.periodicos.capes.gov.br . Acesso em 10, 11 e 12 de março de 2020.

 

HALL. Stuart. Da diáspora. Identidades e mediações culturais. Tradução de Adelaine La Guardia Resende et al. Belo Horizonte: UFMG; Brasília: Unesco, 2003.

LAMONIER, Elisângela Leles. Dissertação defendida em 27 de março de 2018. UFG. Perspectivas de futuro profissional das pessoas com deficiência e com necessidades educacionais específicas. Disponível em: https://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/8425. Acesso em 18 de maro de 2020.

LOPES. Maura Corcini; DAL’LGNA. Maria Claudia. Orgs. In/exclusão: nas tramas da Escola. Ed. ULBRA. Canoas – RS, 2007.

 

ROSA. Fernanda. Duarte; MATSUKURA. Thelma, Simões e SQUASSONI. Carolina, Elisabeth. 2019. Escolarização de pessoas com Transtornos do Espectro Autista (TEA) em idade adulta: relatos e perspectivas de pais e cuidadores de adultos com TEA. Artigo publicado em Cad. Bras. Ter. Ocup. vol.27 no.2 São Carlos Apr./June 2019.  Epub June 13. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2526-89102019000200302. Acesso em: 15 de março de 2020.

 

TALARICO, Mariana Valente Teixeira da Silva; DOS SANTOS PEREIRA, Amanda Cristina; GOYOS, Antonio Celso de Noronha. A inclusão no mercado de trabalho de adultos com Transtorno do Espectro do Autismo: uma revisão bibliográfica. Artigo publicado na Revista Educação Especial, v. 32, 2019 – Publicação Contínua. Disponível em:  https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/39795/html. Acesso em: 20 de março de 2020.



Recebido em 05 de novembro de 2020
Publicado em 27 de novembro de 2020


Como citar este artigo (ABNT)

SOUSA, Geila Santos de. CABRAL, Geisa de Sousa. ROCHA, Gilma da Silva Pereira. Inclusão/Exclusão de Pessoas com Transtorno do Espectro Autista na Idade Adulta no Contexto Escolar e Profissional: Uma Análise a partir da Revisão de Literatura. Revista MultiAtual, v. 1, n. 7, 27 de novembro de 2020. Disponível em: https://www.multiatual.com.br/2020/11/inclusaoexclusao-de-pessoas-com.html